Jornal do Commercio
Para cada quilo de camarão capturado com redes de arrasto são
descartados mortos no mar ao menos nove quilos de peixes pequenos. Na
opinião da nova presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de
Incidentes com Tubarões (Cemit), empossada ontem, os resíduos atraem
cabeças-chatas e tigres, apontados como responsáveis pelos 55 ataques,
com 20 mortes, ocorridos desde 1992 em Pernambuco.
“Por isso precisamos estender a área de proibição da atividade, hoje
estabelecida em 1 para cinco milhas náuticas”, defendeu Rosângela Lessa.
Na prática, a zona de exclusão da frotaroneira que usa essa técnica de
pesca seria ampliada de 1,8 para nove quilômetros.
O pedido para estender a área de proibição da pesca de arrasto será
encaminhado, mais uma vez, ao Ibama. A primeira solicitação, em 2007,
foi indeferida. “Não estou dizendo que essa é a causa dos ataques, mas
certamente é um dos fatores”, disse a presidente do Cemit, que pediu
mais fiscalização do instituto.
O engenheiro de pesca do Ibama Euclides Dourado esclarece que as ações
de fiscalização na costa ocorrem quando há denúncias. “Ao contrário da
lagosta, em Pernambuco o camarão não tem período de defeso, quando a
captura é proibida por conta da reprodução da espécie”, justifica.
Na solenidade de posse, à tarde, na Secretaria de Defesa Social, em
Santo Amaro (área central do Recife), houve bate-bocas entre integrantes
do Cemit e de entidades que defendem a pesca intensiva de tubarões no
litoral pernambucano como forma de evitar ataques, como o Propesca e o
P5.
Durante o encontro, Fábio Hazin e os representantes do Instituto
Oceanário e do Projeto Praia Segura criticaram o Propesca, o P5 e a
imprensa, que não tiveram a palavra franqueada para defesa. “A tese de
subnotificação levantada recentemente pela imprensa não procede”, disse o
presidente da ONG, Alexandre Carvalho.
É o instituto, segundo a secretária-executiva do Cemit, Claudia Matos,
que elabora a lista das vítimas. De acordo com a Secretaria de Defesa
Social, à qual o comitê é vinculado, a entidade recebeu, em 2010 e 2011,
R$ 1 milhão por ano para atividades de educação ambiental e custeio de
pesquisas realizadas pela UFRPE.
Para Rosângela Lessa, é preciso rever os critérios de contabilização
dos ataques. “Sempre que existe dúvida as coisas podem ser
rediscutidas.” Sobre os recursos destinados pelo Cemit, a oceanóloga
sugere que sejam disponibilizados na internet. “É preciso colocar no
site da SDS não só as atas das reuniões do Cemit, mas também os projetos
aprovados e seus valores.”
PLACAS
Na reunião, o Corpo de Bombeiros anunciou a substituição das placas que
indicam as áreas perigosas para banho no litoral do Grande Recife.
“Usaremos mais imagens e menos textos”, adianta o diretor de Operações
da corporação, Daniel Ferreira.
As novas placas, com previsão de serem instaladas até 2013, em função
da Copa das Confederações, seguirão padronização internacional.
Fonte acessada dia 27/08/12 - http://primeiraedicao.com.br/noticia/2012/08/22/comite-pede-proibicao-da-pesca-de-arrasto-para-evitar-ataques
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