terça-feira, 15 de abril de 2014

Edição da Revista National Geographic Abril/2014

EDIÇÃO 169/ABRIL DE 201403/04/2014

Fotos - Tubarão: praia do medo

O surto de ataques de tubarão no Recife é histórico. Cientistas descobriram as causas. Então por que pessoas continuam a morrer?

Em maio de 2000, na primeira edição de National Geographic Brasil, Peter Benchley confessou seus remorsos. Autor do livro que virou o famoso filme de Steven Spielberg, o americano lamentou ter causado tanto mal aos tubarões ao carimbar no nosso imaginário a figura de um monstro devorador de gente. Defendeu-se dizendo que, nos anos 1970, havia pouco conhecimento disponível. “Essas primorosas criaturas da evolução não são vilões, mas vítimas, e correm perigo com o declínio de suas populações”, escreveu. Os tubarões, ele enfim reconheceu, são acima de tudo predadores fortes, que podem confundir banhistas com suas presas habituais.
Tal condição explica o medo que o fotógrafo Daniel Botelho sentiu ao mergulhar em busca dos bichos em Pernambuco. Sua coragem foi premiada com a inédita imagem que abre a nossa reportagem de capa:Ataques de tubarão: praia do medo, um galha-preta nadando diante de conhecidas praias turísticas. A foto está à altura da apuração de Thiago Medaglia: assim como fez Benchley, ele afirma a necessidade de entendermos a natureza do tubarão – senhor de um ambiente selvagem, o mar, ainda que seja em uma orla urbana como a do Recife, onde fatores como desequilíbrio de ecossistemas e explosão demográfica contribuem para um problema de difícil solução.
Capa da edição de Abril/2014
 Este tubarão-tigre fotografado nas águas claras das Bahamas é da mesma espécie envolvida nos ataques em Pernambuco. Eles realizam longas travessias oceânicas e costumam acompanhar navios até zonas portuárias.


Os tubarões-tigres que nadam junto à mergulhadores nas Bahamas, são da mesma espécie envolvida nos ataques em Pernambuco.


Do alto, a barreira de arrecifes que nomeia a cidade fica ainda mais exposta na maré baixa. Nessas condições, as autoridades garantem o banho seguro. Para além da barreira natural, as chances de ser atacado aumentam.


Um tubarão-galha-preta nada ao largo da orla urbana perto da capital de Pernambuco. A espécie é uma das suspeitas de atacar seres humanos na área. Mais informações sobre esta foto acesse o link: Ntagbmar


Em 2004, Thiago Augusto perdeu a perna em um ataque em uma praia não monitorada pelo Corpo de Bombeiros. Com uma prótese, ele voltou a surfar.


Os salva-vidas do Recife treinam apenas em piscinas.





Recife se espraia por entre ilhas, penínsulas, alagados e manguezais. Hoje um polo industrial, a cidade continua a avançar sobre o mangue


O skimboard, praticado em águas rasas, tornou-se uma modalidade segura para os adeptos de esportes do mar em Pernambuco.


Mudanças na paisagem ocasionadas pelo Porto de Suape teriam motivado o deslocamento de tubarões para as praias urbanas.



Com uma fantasia de gosto duvidoso, um orientador de programas oficiais de educação ambiental conversa com pessoas a respeito dos riscos de ataques de tubarões no mar.


A maioria dos incidentes desde 1992 ocorreu na praia de Boa Viagem. Na zona urbana, as pessoas podem subestimar os riscos de um banho. “O mar é um ambiente selvagem”, enfatiza o biólogo Otto Gadig.


Pés descalços na areia, um casal caminha de mãos dadas à beira-mar. Uma família aproveita o banho nas piscinas naturais. Garotos jogam bola despreocupados. Eis um dia típico na praia de Boa Viagem, cartão-postal do Recife. Essas pessoas nem desconfiam, mas olhos atentos acompanham seus passos. E o perigo espreita mar adentro.
Do interior de um posto salva-vidas, um bombeiro opera o sistema de videomonitoramento. Duas telas de computador exibem a movimentação na praia. Juntas, as câmeras dos 11 postos cobrem todo o perímetro da orla urbana. São 9,5 quilômetros de praia monitorados pelos olhos eletrônicos do Grupamento de Bombeiros Marítimo (Gbmar), parte de um novo, caro e moderno aparato de segurança implantado pelo governo de Pernambuco. Com o uso da tecnologia, as autoridades pretendem minimizar a ocorrência de furtos, casos de crianças perdidas, afogamentos e os eventuais encontros com tubarões.
Contudo, no dia 22 de julho de 2013, o sistema de monitoramento, em vez de disseminar a calmaria, materializa o pavor. Um ataque de tubarão a um ser humano é filmado. O zoom da câmera vai longe o suficiente para gravar os momentos de pânico vivenciados por Bruna Gobbi, turista paulista de 18 anos de idade. Levada pelo mar, Bruna ergue os braços em um pedido de socorro. Os bombeiros, que mais cedo haviam alertado a garota sobre a correnteza, nadam em sua direção, mas, antes de chegarem, uma enorme bolha de sangue surge na superfície da água. Os salva-vidas a alcançam de jet-ski. Na areia, a filmagem é feita pelas câmeras dos telefones celulares dos veranistas. Em questão de horas, a cena da perna esquerda de Bruna, dilacerada e com o osso da tíbia exposto, roda o mundo via internet.
Para piorar, apesar do ato heroico, o atendimento dos bombeiros recebeu críticas de especialistas. Um torniquete deveria ter sido feito na perna de Bruna e seus membros colocados para cima, de forma que o sangue restante fosse para a cabeça e o coração. A jovem morre no hospital.
(Pare ler a reportagem completa, baixe o aplicativo para nossa edição digital em iba.com.br)

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