Novo laudo ainda aponta desníveis de
até 10 metros na Ponta Negra, no AM
CPRM recomenda o monitoramento da área aterrada até 2014. Laudo será encaminhado ao Ministério Público do Estado na segunda-feira.
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) entregou, nesta sexta-feira (22), à assessoria do subsecretário municipal de obras públicas, Orlando Holanda, o segundo laudo sobre os estudos realizados na praia artificial da Ponta Negra, localizada na Zona Oeste de Manaus. O órgão constatou que o leito do rio Negro, principalmente na saia do aterro, continua apresentando desníveis abruptos e depressões que variam de seis a 10 metros de profundidade. No documento, o CPRM recomenda o monitoramento da área aterrada até 2014.
De acordo com o laudo, as condições da praia são similares às encontradas em novembro do ano passado, quando foi realizado o primeiro laudo. O CPRM critica o aterro feito ao longo da praia. "Dado o aspecto construtivo do aterro, realizado sem contenção e a dinâmica fluvial de um grande rio, como o Negro, há de se esperar que ocorra uma alteração em função da erosão fluvial, acomodação do terreno, e transporte de material aterrado", diz trecho do documento.
O CPRM afirmou ainda, que se for levada em consideração a geomorfologia da praia, o rio deverá buscar condições naturais que provocarão erosão do aterro.O órgão também recomenda o monitoramento periódico do leito do rio na área aterrada. "De modo a identificar possíveis alterações durante, no mínimo, um ciclo hidrológico completo, ou seja, até o início da próxima cheia em 2014", afirma o laudo.
No primeiro laudo, o CPRM analisou o comportamento do Rio Negro em 12 de novembro de 2012. Já a segunda análise, foi feita no dia 26 de janeiro deste ano. De acordo com o órgão, com a subida das águas, a diferença entre as linhas de praia nas datas estudadas foi de 5,10 metros na vertical e 70 metros na superfície da praia aterrada.
Levando em consideração o nível do rio no fim de janeiro, o laudo concluiu que os desníveis abruptos e depressões ocorrem somente a partir de uma lâmina de água de seis metros e a distância entre esses pontos e a margem é, em média, 60 metros.
O laudo será encaminhado ao Ministério Público do Estado (MPE-AM) na segunda-feira (25). O superintendente regional de Manaus, Marco Oliveira, enfatizou que só se pronunciará sobre o estudo após reunião da Comissão Especial do MPE, prevista para acontecer na quarta-feira (27). No encontro, será discutido a elaboração da minuta do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com as medidas de segurança e normas para a liberação do balneário.
Ao G1, a assessoria da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) também informou que a pasta vai se manifestar sobre o assunto somente após a reunião com o MPE.
Primeiro laudo
O CPRM já havia recomendado interdição temporária do balneário em novembro de 2012, quando emitiu o primeiro laudo. De acordo com órgão, o aterro artificial da praia havia gerado "desníveis abruptos" de até seis metros, contribuindo para os acidentes que ocasionaram 13 mortes por afogamento no local desde a inauguração, ocorrida em junho do ano passdo.
O CPRM já havia recomendado interdição temporária do balneário em novembro de 2012, quando emitiu o primeiro laudo. De acordo com órgão, o aterro artificial da praia havia gerado "desníveis abruptos" de até seis metros, contribuindo para os acidentes que ocasionaram 13 mortes por afogamento no local desde a inauguração, ocorrida em junho do ano passdo.
Na época, o então titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), Américo Gorayeb Júnior, contextou as conclusões do laudo. De acordo com Gorayeb, o CPRM havia feito um levantamento de 170 metros de extensão, porém, segundo ele, a plataforma de trabalho da Seminf é de apenas 30 metros. "Óbvio e claro que a partir de 30 metros, eles têm que reclamar pro papai do céu, porque estes 170 metros estão fora da nossa plataforma de trabalho. Se você verificar o laudo, vai ver que dentro dos 30 metros com os quais trabalhamos nunca houve problemas".
Interdição do balneário
Em menos de seis meses em 2012, a Praia da Ponta Negra, principal balneário de Manaus, registrou 12 mortes por afogamento em um trecho de cerca de 300 metros de extensão. A estatística poderia subir para 13, mas não há confirmação de que um corpo encontrado nas águas da praia perene no dia 16 de novembro seja decorrente de afogamento no local.
Em menos de seis meses em 2012, a Praia da Ponta Negra, principal balneário de Manaus, registrou 12 mortes por afogamento em um trecho de cerca de 300 metros de extensão. A estatística poderia subir para 13, mas não há confirmação de que um corpo encontrado nas águas da praia perene no dia 16 de novembro seja decorrente de afogamento no local.
O número de mortos por afogamento na praia de Manaus é quatro vezes maior do que o registrado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, ao longo de oito meses.
Nenhum comentário:
Postar um comentário